O último jantar-tertúlia da APG no ano de 2025 marcou o regresso ao tema da genealogia genética. Foi convidado de honra o Senhor D. João Charters de Almeida e Silva, Conde da Bahia, cujo teste genético ao cromossoma Y foi a base da apresentação OS ALMEIDA, SENHORES DE ABRANTES: HISTÓRIA DA LINHA PATRILINEAR CONTADA COM GENEALOGIA DOCUMENTAL E GENÉTICA. Foram oradores os sócios da APG Gonçalo Marques e Rui Faísca Pereira, sendo também co-autor do trabalho apresentado Ricardo Martins, que não pôde estar presente.
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Perante a mais numerosa assistência do ano, em que estavam presentes vários outros descendentes da linhagem estudada, Gonçalo Marques explicou como a oportunidade de realização deste estudo resultou da iniciativa do sócio Ricardo Charters d’Azevedo, que promoveu a realização de testes genéticos entre vários dos seus parentes. Rui Faísca Pereira apresentou um resumo das gerações conhecidas com segurança por via documental, remontando ao século XIV e a Fernão Álvares de Almeida, alcaide-mor de Abrantes, referindo alguns dos membros mais notáveis da mesma, como D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-Rei da Índia.
Gonçalo Marques passou então à parte principal da apresentação, descrevendo como a testagem do cromossoma Y permitiu traçar a viagem da linha de varonia desta família ao longo de centenas de milhares de anos, desde os primeiros Homo Sapiens em África até ao Médio Oriente, atingindo a região do Cáucaso, onde se encontrava há cerca de 3000 anos, e daí migrando para a Península Ibérica onde já estaria há cerca de 1000 anos, um pouco antes da fundação de Portugal.
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Não é conhecido o momento exacto em que ocorreu a migração do Cáucaso para a Europa ocidental, mas Gonçalo Marques apresentou como hipótese mais provável a de tal ter ocorrido no século V da nossa era com a entrada no território do Império Romano em desintegração dos Alanos, povo originário do Cáucaso e do qual se sabe ter existido um número significativo de indivíduos que atingiram a Península, acabando os mesmos por se diluir entre os restantes grupos étnicos presentes na população local mas deixando marcas genéticas como a que agora foi descoberta.
Gonçalo Marques explicou como este tipo particular de linhagem é muito raro em Portugal e apontou possíveis linhas de investigação futura desta família, designadamente através de testes de parentes afastados que se crê terem a mesma varonia, para confirmação dos resultados obtidos, e de um acompanhamento de eventuais resultados relevantes que venham a surgir entre os milhares de pessoas que realizam este tipo de testes em todo o mundo.
