O jantar-tertúlia da APG de Abril foi antecipado uma semana em relação à sua data habitual para evitar a coincidência com o feriado de Sexta-Feira Santa. Foi orador o Doutor Miguel Aguiar, que apresentou A GENEALOGIA NA INVESTIGAÇÃO SOBRE A ARISTOCRACIA PORTUGUESA NO FINAL DA IDADE MÉDIA (SÉCS. XIV-XVI).
Miguel Aguiar abordou o tema da sua tese de Doutoramento, realizado em parceria entre as Universidades do Porto e de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, estudando o papel do parentesco na aristocracia portuguesa nos séculos finais da Idade Média. O orador sublinhou a importância de este tipo de estudo requerer uma visão mais distanciada do significado de palavras aparentemente tão simples como “pai” ou “mãe”, que se alterou significativamente com o passar dos séculos, e a forma como o papel central da Igreja Católica no mundo medieval condicionava todos os aspectos da vida em comunidade.
Entre os aspectos abordados pelo autor contou-se a estatística relativa aos casamentos consanguíneos entre a aristocracia, constatando-se que não eram tão frequentes as ligações matrimoniais entre parentes muito próximos como por vezes se supõe, embora existisse ainda uma fracção significativa de casos dentro do quarto grau canónico que obrigavam à obtenção de uma dispensa. Este tema suscitou muito interesse entre a assistência, sendo também discutido o costume da adopção de diferentes apelidos entre irmãos, que permitia preservar a memória das várias linhagens ascendentes de um mesmo núcleo familiar.
Foi também referida a participação deste investigador no Projecto VINCULUM, que resultou na recente publicação de um livro da sua autoria sobre o parentesco no contexto da instituição vincular.